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Safra de pinhão traz alívio a produtores, mas acende alerta para risco de extinção da araucária

  • Foto do escritor: Andrei Nardi
    Andrei Nardi
  • 15h
  • 3 min de leitura

Com colheita em seu auge, preço do quilo cai para até R$ 12; Emater estima produção de 860 toneladas e reforça a importância da preservação da árvore

A safra de pinhão de 2025 no Rio Grande do Sul está em seu auge, trazendo um cenário positivo para produtores e consumidores. Com uma produção estimada em 860 toneladas e o preço do quilo em queda, o momento é de alívio para os extrativistas. No entanto, o bom volume da colheita acontece em meio a um alerta crucial de especialistas sobre o risco de extinção da araucária, a árvore que produz a semente.

O período oficial de colheita iniciou em 1º de abril e se estende até julho, embora variedades tardias da semente possam ser encontradas em menor quantidade em agosto e setembro.

"No ano anterior, a produção foi muito fraca. Neste ano, está melhor, embora ainda não atinja o patamar de uma safra cheia", avalia o extensionista da Emater/RS-Ascar, Antônio Carlos Borba.

Produção, preços e desafios do mercado

Segundo o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, o auge da colheita resultou em uma maior oferta e, consequentemente, na queda dos preços para o consumidor, que hoje variam entre R$ 12 e R$ 14 por quilo — em abril, o valor era de R$ 17.

A região das Hortênsias e os Campos de Cima da Serra se destacam como as maiores produtoras, com uma expectativa de colheita superior a 600 toneladas. A região do Planalto, que inclui o Fundo, deve produzir 110 toneladas, enquanto o Centro Serra e a Serra do Botucaraí somam uma estimativa de 150 toneladas. Apesar de seu valor cultural e econômico, o pinhão ainda enfrenta poucas iniciativas de beneficiamento, industrialização e armazenamento, o que limita suas possibilidades de venda.

A urgência da preservação da Araucária

A valorização econômica do pinhão está diretamente ligada à preservação da Araucária Angustifolia. A colheita manual, que envolve desde a coleta das sementes no solo até a derrubada das pinhas com ferramentas ou a escalada nas árvores com equipamentos de segurança, é uma fonte de renda que incentiva a manutenção da floresta.

A atividade é regulada pela Lei Estadual nº 15.015, de 22 de dezembro de 2022, que permite a colheita apenas a partir de 1º de abril. A árvore também é protegida pelo Decreto Estadual 52.109/2014 e pela Portaria MMA nº 148/2022, sendo proibido o corte de araucárias que produzem pinhas entre abril e junho, sob pena de multa.

Apesar da proteção legal, a espécie, que leva de 12 a 15 anos para produzir sementes, está ameaçada.

"Com o avanço das atividades humanas, ocorre a fragmentação das florestas, o que reduz a base genética da espécie. Se nada for feito, em 50 a 70 anos a espécie pode desaparecer das áreas de ocorrência natural", alerta Borba.

Ele explica que a araucária é uma espécie "heliófila" (amiga do sol) que se regenera nas bordas das matas, mas muitas vezes os agricultores cortam as mudas por desinformação.

Benefícios e importância cultural

Importante alimento para a fauna nativa, o pinhão é também um aliado em deliciosas receitas. A semente é rica em minerais como potássio e fósforo, além de fibras e gorduras que ajudam na prevenção de doenças cardiovasculares.

"É um alimento mais calórico, principalmente para atletas, pois dá um e energético, mas quem já tem uma dieta com restrição calórica tem que tomar cuidado e ingerir com moderação", explica a nutricionista da Emater/RS-Ascar, Leila Ghizzoni.

Ela ressalta a importância do consumo durante a safra.

"O período de outono-inverno sugere alimentos mais calóricos e com mais nutrientes. A natureza é sábia e fornece o que o corpo precisa para os períodos mais frios", observa.
Foto: Emater / extensionista rural Ilvandro Barreto de Melo
Foto: Emater / extensionista rural Ilvandro Barreto de Melo

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